Reclamar significa não aceitar. Algo não está bom, eu reclamo. Algo não está do meu agrado, eu reclamo.
Eu tenho uma construção mental de como deve ser algo e, se isso que ocorreu ao meu redor não se encaixar perfeitamente dentro da minha construção mental, eu reclamo. Eu não aceito.
Reclamar é não aceitar. Reclamar é perder o momento. Porque, se em um determinado momento você está diante de um prato de sopa, é isso o que você tem. Aí, ela não está perfeitamente dentro do padrão que você gostaria. Então, você reclama. Neste momento, a sopa ficou ruim e não vai fazer bem para você. Neste momento, a sopa não vai nutrir o seu corpo, porque você não a aceita, você a rejeita.
Eu rejeito a experiência que eu estou vivendo. Eu não aceito. A minha situação de vida não está legal. Eu não tenho dinheiro suficiente, eu não tenho aquilo que eu quero nesse momento. Eu reclamo. Eu rejeito aquilo que eu tenho nesse momento. No momento em que eu encontro um defeito naquilo que eu tenho nesse momento, eu estou focando no defeito, na imperfeição, estou rejeitando o momento.
Portanto, talvez seja tempo de virar o disco, de olhar por um outro lado, porque você está aqui. Você está no mundo onde você escolheu estar para ter experiências muito intensas, emocionalmente falando. E é importante reconhecer isso, que você está aqui. Apenas aceitar que você está aqui, porque você escolheu estar aqui. E você veio aqui para viver a imperfeição.
Não há como não viver a imperfeição neste plano, porque ele é absolutamente imperfeito, para termos experiências de dualidade. E a rejeição da experiência aqui aponta para caminhos devastadores neste mundo. Tem gente se suicidando porque não aceita, rejeita completamente a vida que leva, rejeita completamente aquilo que sente, e aí dá um fim na vida. Mas isso não significa o fim do sofrimento, ao contrário, apenas alimenta o sofrimento.
É recorrente o sofrimento, porque uma pessoa que reclama, que não aceita, que vai embora, é uma pessoa que deixa essa estrada, essas marcas para trás. É hora de entender isso. É hora de entender que reclamar apenas cria mais daquilo que você tem, mais daquilo que você está reclamando.
Há um poder enorme na reclamação, em criar mais motivo para você reclamar. Você quer mudar? Comece a agradecer o que você tem. Você está vivo, você está aqui, você está tendo experiências, você está lendo este texto, portanto, agradeça.
Agradeça as escolhas que você fez, que te trouxeram exatamente até este momento. Reconheça a jornada. Difícil, talvez. Talvez muito difícil, mas também é só um julgamento, e eu posso parar de reclamar da vida e começar a agradecer. Então, o fácil se abre. As travessias se tornam mais fáceis.
Atravessar uma dificuldade, uma perda, uma mudança de vida, uma limitação financeira, afetiva, que seja, fica mais fácil quando eu agradeço, quando eu aceito as experiências que, de alguma forma, eu escolhi para mim mesmo.
São minhas escolhas, ainda que a experiência não seja fácil. Mas, quando eu honro a experiência – que talvez não seja fácil do ponto de vista do ego -, quando eu agradeço e reconheço, a experiência se suaviza. A vida fica mais fácil, a vida flui.
É hora de se abrir para a gratidão. Agradeça sempre. Não é tão simples. Mahatma Gandhi agradeceu o cara que deu o tiro que matou ele, que matou o corpo dele. Ainda, talvez, não tenhamos toda esta grandeza, mas potencialmente ela está aí, em cada coração, em cada pessoa neste mundo.
É hora de agradecer, de suavizar a nossa vida, a nossa jornada de vida.
Que assim seja!
Dhyan Deepak
Terapeuta e Coordenador de Os Corpos da Alma
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