Na caminhada desta vida, tive a oportunidade de trabalhar com pessoas e equipes em empresas e outros círculos de convivência, em diferentes projetos. Fui testemunha, em muitos momentos, de chefes, líderes de famílias ou grupos falharem miseravelmente, agindo a partir do medo.
Sim, testemunhei esse comportamento, o de agir a partir do medo, inúmeras vezes. E o autor de muitas dessas condutas covardes, encontrei no espelho.
Deixe de lado qualquer forma de julgamento moral e apenas abra-se para observar como eu e você ainda operamos, talvez, em muitas situações ao longo de nossos dias.
De fato, nem eu nem você estamos imunes a agir guiados pelo medo em algum — ou muitos — momentos.
Mas hoje já posso olhar para isso e, se você está lendo ou ouvindo estas palavras, também pode olhar para o seu modo de funcionamento neste mundo, o seu sistema operacional mental.
Olhar para aquilo que é faz toda a diferença. Porque, a partir daqui, eu e você podemos escolher diferente: intencionar agir a partir da coragem do coração.
Nós fomos treinados para viver, agir e decidir a partir do medo. Medo da escassez, da falta, de não ter o bastante. Fomos treinados para sobreviver!
Nossos pais e as autoridades ao nosso redor alimentaram os conceitos de escassez da forma como eles também foram treinados, no amor e na sabedoria de nossos ancestrais. Sim, toda a estrutura social que herdamos foi construída na convicção de que nos deixaram o melhor que puderam oferecer em cada circunstância. E, de fato, eles o fizeram. Recebemos, em amor, um legado de conduta para executarmos programas de sobrevivência. E, se estamos aqui, eu e você, é porque nossos ancestrais existiram e assim o fizeram.
Contudo, nas frequências do medo, nós não vivemos, apenas sobrevivemos. E a imensa maioria das pessoas no mundo é guiada pelo medo. Portanto, elas apenas sobrevivem:
– É o medo que me faz ir ao trabalho a cada dia.
– É o medo que faz com que eu, eventual ou frequentemente, me submeta a uma liderança disfuncional.
– É o medo que me faz aceitar e me submeter a abusos de toda ordem.
O medo é o disparador dos jogos da dualidade: agressor x vítima. Logo, observe o outro lado da moeda:
– É o medo que me faz impor pressão sobre meus colaboradores.
– É o medo que me faz ser um líder disfuncional.
– É o medo que me transforma em um abusador.
Somos guiados por programas instintivos. E o instinto aponta apenas para respostas de sobrevivência. O instinto funciona a partir da experiência passada, sempre ancorado em respostas emocionais dos caminhos já percorridos.
Todas as nossas experiências ficam armazenadas: traumas, eventos difíceis, sofrimentos, constrangimentos, situações de vergonha, culpa, etc. Ainda que não lembremos dessas experiências, as memórias emocionais estão presentes, potencial e permanentemente ativas.
Em cima dessas memórias — ou a partir delas — eu e você construímos programas mentais em resposta aos eventos externos. São programas de ações para nos proteger ou defender de situações que tragam à tona essas memórias. Esses programas são disparados por ocorrências em que nos envolvemos. Somos tomados por esses programas e agimos de acordo com eles, seja como agressores ou como vítimas.
Você chegou até aqui. E agora?
A sua capacidade de escolha, a sua consciência são ferramentas poderosas e determinantes.
Liderar hoje, seja um grupo de trabalho, uma família ou a sua própria vida, demanda agir a partir do coração. Ou seja, deixar de ser conduzido por programas de sobrevivência e passar a ser guiado pela intuição, pela consciência.
De fato, toda organização que estiver norteada pela sobrevivência, ganância e competição vai deixar de existir! Seja numa empresa formal ou informal, uma organização pública, uma comunidade, uma família ou um grupo de amigos.
Pessoas que se organizam apenas para a sobrevivência estarão sempre lastreadas na escassez e, como dinossauros da atualidade, caminham para a extinção. Pode ser que essas organizações ainda persistam por algum tempo, mas é evidente a aceleração para o seu fim.
Se observarmos as “tendências de mercado”, os conceitos de gestão de empresas focados no cliente, na sustentabilidade ambiental e na governança caminham na direção do sucesso.
Contudo, a abordagem essencial e primeva é levar em consideração o fator-chave: o “livre-arbítrio” de cada participante na organização!
Perceba que a continuidade de qualquer atividade entre duas pessoas diz respeito a elas estarem fazendo juntas algo que ambas escolheram fazer. Isso vale para qualquer projeto: um relacionamento afetivo, uma família, um grupo de amigos, uma construção, uma empresa, um país, o que for.
Conforme mais pessoas entram na organização, é fundamental que esta — a organização —, respeite o livre-arbítrio de cada participante.
Agora olhe ao seu redor — mas, principalmente, para sua vida — e veja quantas organizações disfuncionais existem. Ou seja, que não respeitam o livre-arbítrio de cada pessoa envolvida.
É verdade que não há organização que passe pelo crivo da perfeição. Nenhuma organização é perfeita, pois nenhum ser humano é perfeito.
Nesta ausência de perfeição, o que nos resta? O conflito eterno?
Ou talvez possamos escolher um processo permanente de aprendizado e negociação entre todos os participantes e, qual uma dança, fluir num movimento coletivo do grupo de pessoas, embalados pela música que vem de nossas Almas.
Aqui acontece uma forte e decisiva escolha: parar de lutar!
Parar de lutar pode ser apoiado por uma intenção pura do coração.
A intenção de colaborar em um grupo para a realização de alguma ação no mundo é a base. O fluxo das ações, do movimento, sempre será dinâmico, ou seja, de aprendizado entre os participantes.
A organização não atende à expectativa do cliente? Ele vai comprar em outra loja ou de outro fabricante. A organização não atende à minha expectativa enquanto funcionário? Eu saio dela. Ou continuo nela por falta de coisa melhor, mas desmotivado, irradiando minha desmotivação no que quer que eu faça na empresa, o que afeta o desempenho da organização.
Estratégias para fidelizar clientes e funcionários são criadas para garantir a sobrevivência de uma empresa, de um relacionamento, de uma família, de um grupo de pessoas.
Muitas dessas estratégias apontam para o risco de seus empreendedores não resistirem à tentação de manipular seus clientes internos (colaboradores) e externos. Ou seja, de interferir no livre-arbítrio deles.
Como é isso? O que posso fazer para não cair nessa armadilha?
Dê um passo atrás, respire fundo e observe como você se sente diante de uma informação recebida: publicidade, mensagem, notícia, comunicado, orientação de seu chefe, solicitação, ordem, etc.
Ainda é extremamente frequente que essas informações tragam elementos manipulativos embutidos. Elementos que buscam induzir você a fazer ou querer algo, como, por exemplo, comprar um determinado produto, por meio de slogans de escassez (últimas vagas) ou pressionando: “esta é a chance da sua vida, vai perder?”
Perceba a orientação para o medo nos exemplos acima.
Saiba que você dispõe de ferramentas para discernir o que é melhor para você. Essas ferramentas manifestam-se a partir da sua intuição. Em geral, não é uma instrução direta, mas uma sensação: “Tem algo importante para mim ali”; ou: “tem algo estranho, algo que me incomoda nesta oferta.”
A intuição opera a partir do coração, pela glândula pineal, projetando-se no cérebro. Todas essas áreas do corpo estão em realinhamento, em recalibração, para todos aqueles que assim escolhem (lembra do livre- arbítrio?), para poderem operar em faixas mais elevadas de suas próprias frequências.
O quarto corpo (corpo psíquico), que opera a partir do coração, processa informação de um volume de possibilidades ilimitado no tempo e no espaço e dispara a intuição, que aponta os caminhos a serem seguidos.
Do ponto de vista de gestão de organizações, ainda teremos uma longa jornada até que essas lideranças possam operar a partir do corpo psíquico.
É verdade que as disputas de poder são tão antigas quanto nossa civilização. E, embora seja pequena a nossa lista de líderes — empresariais, políticos, espirituais, etc. — que possam ser lembrados como pessoas grandiosas, ainda carregamos o impulso, o desejo coletivo de que essas lideranças justas e benevolentes venham a preencher todas as posições de comando neste planeta.
Nós caminhamos nessa direção, embora pareça que esteja acontecendo o contrário. Isso porque o que chamamos de maldade no mundo está lutando para se impor através da disseminação do medo. E é exatamente isso que vai gerar a dissipação dessa energia.
Lembre-se: por trás de chefes autoritários (a velha energia), raiva, angústia, ansiedade etc., sempre há uma criança assustada, sempre há medo!
Organizações baseadas em medo, competição e luta caminham para a dissolução.
Observe o que acontece nas redes sociais: grupos de pessoas que interagem em alguma rede, quando começam disputas entre os participantes, tendem a se desfazer. Pessoas saem, o grupo perde força e consistência.
O mesmo vale para empresas estatais ou privadas, governos, escolas, famílias, grupos de amigos, etc.
Quando a condução de qualquer organização de pessoas é baseada no medo, a implantação do caos é inevitável. Vazamentos de energia (corrupção), perdas de energia (decisões equivocadas) começam a ser recorrentes, comprometendo a sustentabilidade da própria organização.
É essencial trazermos nossa consciência para entendermos o aprendizado potencial de todos os envolvidos. De outra forma, os ciclos de construção e dissolução de organizações tendem à repetição.
Num exemplo emblemático, posso citar a evolução nas relações entre Inglaterra, França e Alemanha: após a Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra, esses dois países uniram-se para enfrentar a Alemanha em duas guerras mundiais, para, finalmente, unirem-se os três na construção da União Europeia.
Alguém vai mencionar o Brexit, referente à saída da Inglaterra da UE, mas, longe de se ventilar qualquer animosidade bélica entre eles. As comunidades de cada um desses países não têm o menor interesse em conflitos com seus vizinhos.
A evolução para o equilíbrio e fortalecimento do grupo é evidente. E sim, são dois passos adiante e um para trás, porém, este é o palco do aprendizado neste plano terreno. Conforme mais consciência preenche esse ambiente, maior a capacidade de cooperação e superação das limitações.
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Os Corpos da Alma surgiu ao longo de minha jornada como uma inspiração em meio a muita transpiração.
Conforme as ferramentas do trabalho foram sendo reveladas, havia que trazê-las para a realização. Havia que ancorá-las neste plano físico, através da minha jornada e da jornada da própria equipe de pessoas que se encontraram nesta vida para tanto.
Você está lendo ou ouvindo estas palavras? Você faz parte deste grupo de pessoas que se encontraram para a realização de algo maior do que elas mesmas.
Contudo, veja agora com atenção:
Não existe nada maior do que você neste mundo! Isso porque você foi criado à imagem e semelhança do Criador. Portanto, o Criador está em você. Eu e você somos expressões do Criador neste plano físico.
Eu Sou! Perceba que não faz sentido eu dizer: “Você é!” Cabe a você dizer: “Eu sou!” Eu não posso fazer isso por você. Lembra do livre-arbítrio?
Novamente, você não está ancorando aqui a sua imensidão, aquilo que você é.
Os seus aspectos divinos são você. Ao dizer “Eu Sou!”, você reivindica a sua própria divindade: Deus, que também habita em você. Ele o criou à imagem Dele, portanto Ele está em você, Ele é você!
Logo, você está ancorando neste mundo a você mesmo!
Abra-se para essa possibilidade.
“Você já é quem você veio para ser.” (Christine Day)
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